Post confuso, título dúbio. Tanto pode ser uma afirmação, quanto uma pergunta. Depende muito de quem, de como e quando o lê. Algumas pessoas têm maior facilidade para se libertar da depressão pós-namoro e acabam usando a frustração para crescer ainda mais. Outras simplesmente mergulham num mar de merda e para sair de lá dão trabalho. Dizem que no fundo do poço há um porão. Talvez seja esse o lugar preferido por algumas.
O fato é que existe sim uma vida antes, durante e principalmente após o namoro. O problema é que geralmente estamos ocupados demais em nossa tristeza para nos darmos conta. Não temos tempo para aprender rapel porque se sentir mal exige muito tempo. Nem passa pela nossa cabeça o quanto sair ou viajar sozinho pode ser uma experiência recompensadora, pois temos de maquinar um jeito de nos sentirmos culpados pelo fracasso da relação. Fazer aula de dança de salão, ler livros, conhecer pessoas e lugares fodas, focar de modo completo no trabalho ou nos estudos ou ainda por cima quebrar automatismos? Nem pensar. Precisamos de tempo, muito tempo para nos lamentar. Como se isso servisse de catarse para nosso sofrimento.
A maior dificuldade para quem termina um namoro é realmente perceber que existe uma larga e monstruosa vida além dele. É como se nos acostumássemos com a tranquilidade e passividade de uma relação – o que a maioria pensa ser ideal – e tivéssemos medo de saltos mais altos, de sermos mais ousados, de viver. Esse blog foi criado depois de um homérico pé na bunda. Impotência e frustração transformadas em energia quase autônoma. Lembro-me que passei por um tempo de limbo também, só querendo dormir, indo para todo tipo de festa, bebendo e tentando encontrar em fugas desesperadas e sem sentido para outras mulheres o que eu havia perdido em uma única mulher. Era o verdadeiro estilo drogas, sexo and rock in roll. Aos que acham que isso é uma solução, sinto informar que não passam de muletas com as quais você pode esconder a realidade por um tempo, mas não a vida toda. Mais cedo ou mais tarde essas muletas caem e nesse momento você será transportado de volta à realidade através de mais dor, sofrimento e confusão do que naquele momento em que resolveu maquiar com perfume o cheiro de bosta que estava em sua vida. Aceite a realidade. Por mais dura e injusta que possa parecer. A recompensa no futuro é algo indescritível.
Como é que eu não vi isso antes?
Nosso medo de reconhecer vida após o fim do namoro vem do medo de sairmos de nossa zona de conforto e adentrar áreas desconhecidas. É biológico isso. O ser humano tem medo de se aventurar no desconhecido. É mais fácil para nós – aí entra um estudo que diz que é mais cômodo para o cérebro repetir as mesmas tarefas do que colocar algumas novas na rotina – fazer o feijão-com-arroz do que inovar e fazer uma suculenta lasanha. O que é lamentável, pois assim desperdiçamos um brilho imenso nos olhos e deixamos a vida passar por nós, sem muita intensidade, sem muito sentido, semi-acordados, semi-viventes, semi-amantes.
O peso de uma paixão é algo que aperta nosso peito e na maioria das vezes não nos deixa respirar. É algo difícil de carregar, já que não depende exclusivamente de nós. E aqui eu quero embaralhar a cabeça de vocês. Deixe que essa paixão te mate. Isso mesmo. Sinta nas profundezas da sua (in)consciência a dor, a confusão, a loucura que se torna sua vida. Observe como a paixão age e veja como somos levados por nossas emoções, sentimentos, conflitos. Veja como não temos controle de absolutamente nada. Depois disso, deixe que ela finalmente te mate. Morra e nasça um novo ser-humano. Desse modo é que você começa a se liberar da fase pós-fim-de-namoro e começa a vislumbrar horizontes novos, desfrutando da vida como ela merece ser desfrutada, achando soluções onde só havia problemas, proporcionando momentos indescritíveis aos seres que você nem sonhava existir. Enfim, vai finalmente reconhecer em você todas as potencialidades necessárias para uma vida virtuosa, gratificante e com sentido.