30 de novembro de 2009

O amor segundo Guilherme Brito




O amor na visão de Guilherme Brito. Prestem atenção, pois o cara sabe do que fala. E o faz com autoridade. Reflexo de muitas experiências amorosas mal-sucedidas cof cof vividas ao longo do tempo. Uma pérola realista no que diz respeito a orientação amorosa.

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Guilherme Brito é historiador, talentoso degustador da cevada e dos destilados, militante do diretório acadêmico de História na UFPE, guru amoroso e nas horas vagas é aventureiro. Quer viajar o Brasil todo dentro de um velho fuscão 1969. Já disse para ele esquecer essa ideia.

16 de novembro de 2009

Dinâmica das relações segundo Sakyong Mipham

(...) Quando as pessoas me perguntam sobre seus relacionamentos pessoais, posso adivinhar o futuro só pela atitude expressa na pergunta. Se falam sobre o que a outra pessoa não está fazendo por elas, sei que o relacionamento provavelmente está condenado. Se o que ouço é: "Preciso de mais apoio, preciso de mais amor, preciso de mais atenção, preciso que meus interesses sejam levados em conta", considero isso um sinal de que a amizade (namoro/casamento) foi por água abaixo. Essas necessidades são sintomas de desespero. Embora tudo isso possa ser verdade, elas se esqueceram de que a relação envolve duas pessoas. Não são capazes de adaptar-se aos altos e baixos do relacionamento. (...) Se você ajudar a outra pessoa, a amizade se desenvolverá. Se estiver totalmente preocupado consigo mesmo, seu casamento não durará.


Eu quero atenção! Entendeu ou quer que eu desenhe?


Um relacionamento duradouro requer discernimento e empenho contínuos. Exige que pensemos a respeito do que estamos dispostos a dar antes de olharmos para quanto vamos receber. Por mais difícil que e injusto que isso às vezes pareça, se queremos ser verdadeiros amigos, precisamos sempre pensar: "O que posso fazer pelo meu amigo?", "como posso dar-lhe apoio?", "como posso cuidar melhor dele?". Por essa razão, antes de envolver-nos em uma amizade/ namoro, devemos refletir sobre o que essa amizade vai exigir de nós e ter certeza de que poderemos levar até o fim esse compromisso. (...)

(Em negrito, grifos meus)


(Trecho do livro Governe seu mundo, de Sakyong Mipham.)

Se quiserem, leiam apenas as partes destacadas.

Fim do artigo.

8 de novembro de 2009

Um mês sem Bartolomeu Renard

"Olho pra rua da mesma janela que costumávamos pensar onde ir... O tempo passou e você não voltou. O tempo se foi e você não voltou..."

Para Dominic Molise, personagem de John Fante, 1933 foi um ano ruim. Ruim porque naquela época ele foi impedido de buscar seus sonhos, de ir atrás de suas aspirações. Em meio a desesperança do sonho americano, Dominic Molise ruiu. Para mim (ou para nós), 2009 é que está sendo um ano ruim. Ruim porque eu fiquei sem você, meu grande amigo. Ruim porque você partiu de uma forma trágica, sem avisar, sem tempo para despedidas, sem chance para um último reencontro. Você partiu no melhor momento de sua vida. Quando todos os ventos sopravam ao teu favor. Quando a frágil segurança do sucesso finalmente sorriu para você. 2009 vai ficar marcado para nós, mais pela dor da perda, da falta, da saudade, do que pela alegria. Eu sei que a vida continua. Ela deve mesmo continuar. Mesmo que nesse jogo falte uma peça importante do quebra-cabeça. Não é fácil seguir sem você. Quer dizer, não nos damos conta de que isso realmente aconteceu.

Veja só que ironia. Há algum tempo conversávamos sobre os amigos que não víamos há algum tempo. Perguntávamos como eles estavam, se estavam casados, se já tinham filhos, coisas banais da vida. E num certo dia, você consegue reunir todos. Estavam lá só para te ver. Mas infelizmente amigo, você é que não os viu. Só você mesmo para juntar tanta gente que andava separada, que andava em rumos diferentes. Só você mesmo para fazer de um momento tão triste, uma grande reunião em família. E pensar que já se passou um mês...


E é por isso que eu reclamo essa tua companhia...

E o nosso Santa Cruz, amigo? Nosso glorioso tricolor, que nos últimos anos tem dado mais tristeza do que alegria. Lembra da felicidade e medo com que íamos ao Arruda? O dia em que atiraram pedra em nosso ônibus? E aquele em que a Inferno Coral nos deu uma carreira? E o que falar daquele triste jogo contra o ICASA, pelo brasileiro da série C em 2008 que praticamente selou o rebaixamento do nosso Glorioso à série D? O último jogo que tive o prazer de ir contigo, meu amigo, contra o CSA em agosto de 2009, foi também a nossa despedida. Lembro como se fosse hoje o nosso sofrimento por depender do Central. O gol no último minuto, só que o Santinha não fez sua parte. Não imaginávamos que o destino seria tão cruel. E aqui ali não nos veríamos mais. Não sei nem o que dizer, meu amigo... São tantas Histórias (com H maiúsculo mesmo), tantos momentos, algumas tristezas, alguns desentendimentos (qual amizade sincera que não tem?) nesses anos de amizade. É amigo, dói muito ainda lembrar disso.

Por favor amigo, não fique chateado por eu estar tendo essa conversa direta com você, em vez de exaltar suas qualidades. Depois que partimos dessa vida não adianta mais dizer o quão bom alguém foi, o quão respeitoso era, o quão querido, o quão isso ou aquilo. Não. Até porque seria desnecessário. Todo mundo que te conhecia, sabia bem disso. Enfim, vamos seguindo...

Eu poderia enumerar milhares de momentos aqui, mas vai ficar cansativo para todos nós. Inclusive para você. O intuito desse pequeno texto meu amigo é tentar acreditar que já estamos há um mês sem você. Que faz um mês que não vemos mais aquele gordinho sexy, o Bartozito Tevez, o gostosão do Ferreira Costa, O Bartô das meninas ou qualquer outra identidade que você possa assumir. Concordo com Tchekhov quando ele diz que o silêncio fala mais que as palavras. Mas o seu silêncio dói, meu amigo. O seu silêncio repentino era algo que não esperávamos e que não vamos nos acostumar. Nunca. Charles Bukowski uma vez disse algo a respeito de John Fante que eu pegarei emprestado: "aqui está um homem que não tem medo da emoção". Eu diria mais: aqui está um homem que não tem medo da vida, apesar dos percalços, está sempre com um sorriso no rosto. E é essa imagem que eu quero guardar. O sorriso da despedida em agosto de 2009. O sorriso da vontade de jogar uma bomba no ônibus do CSA, que estava estacionado lá no Laçador. O sorriso da saída que marcaríamos e que não pode mais acontecer, das gostosas que paquerávamos, da bicadas que tomávamos. É essa imagem do "cara" que eu quero levar, Grande Irmão. Peço que não repare no tom excessivamente dramático e meloso do post, mas não posso lembrar desse fato sem que uma lágrima intrusa me visite os olhos. Sem que uma coisa me aperte o peito. Sinto saudades suas, meu parceiro. Desde o dia da sua despedida que não vou a sua casa. Na verdade, tenho evitado mesmo. Não vejo sentido em ir. Nem na sua Missa de sétimo dia eu fui. Ir ao teu sepultamento já foi um ato de coragem. Às vezes eu penso que amigos não deveriam sepultar amigos. Assim como pais não deveriam sepultar os filhos. É duro. É tudo muito duro. O dia clareou meu amigo. Preciso ir dormir. Não sem antes ler no celular a última Sms que me mandaste... E já faz um mês...

2009 ainda não acabou, caro amigo. Mas o fato de ter te perdido tão de repente já faz dele um dos mais tristes. Cinza, doído, amargo. Enfim, a vida aqui tenta ser a mesma. Sem muito sucesso. E o lado menos ruim de tudo isso é que me inspiraste a escrever um livro. Se vai ser publicado ou não já é outro departamento. Agora é por conta do tempo. Chega de chororô.



"Essa é a dancinha da vitoria."