12 de maio de 2011

Um presente para a menina linda da foto (ou como namorar mesmo após a separação)

As músicas recomendadas para ouvir enquanto lê esse texto são Amor grand hotel, Conversa de botas batidas e Na nossa casa.

"Não é o fim do mundo


É só o fim de tudo que fomos nós...


Sem flutuar e sem tocar o fundo sempre sós..."


Leia se for a menina linda aí de cima


Nossa foto aí em cima, tirada no dia do meu aniversário, talvez dê a entender que esse post é só mais um presente meu para você. Assim como todos os outros presentes. Sem motivo especial mesmo. Apenas pelo prazer de te ver sorrir. Teu sorriso, mesclado com teus gestos e com tua cara de boba me alegram. Na verdade, cada palavra, cada história descrita aqui é tudo dedicado a você. Não sei ao certo o motivo, mas hoje eu preciso fazer isso. Tenho muito trabalho para executar. Livros, cadernetas, provas. Só que tudo pode esperar. Menos minha vontade de te dedicar isso.

Talvez seja porque noite passada eu sonhei contigo. Aliás, tenho feito muito isso nos últimos dias. Não me pergunte o porquê. Eu não sei explicar. Hoje, durante boa parte do dia, tentei rascunhar algumas coisas aqui no blog que eram sobre você, mas não falavam diretamente de você. Eu queria dar aos leitores uma história boa, mas que preservasse nossas identidades. Mudei um pouco de ideia. Eu ainda quero dar aos leitores uma história boa, mas, sobretudo, quero dar um presente a você. Esse post nada mais é do que uma homenagem a você.

Ok. Um presente que não passa de palavras, é um presente bobo. Concordo contigo. Presente mesmo é inventar uma desculpa esfarrapada no trabalho e sair correndo para comprar um buquê de flores para logo em seguida ir te entregar pessoalmente, depois de uma primeira briga de quase fim. Aliás, presente bom é aquele que a gente adivinha. Ler teus pensamentos e comprar uma caixa de chocolate em formato de coração mesmo antes de estar contigo foi uma boa sacada. Uma simples caixa em formato de coração. Na verdade, a caixa em si não quer dizer muita coisa. E também devo confessar que assim que joguei o olho nela, já sabia que era sua. O lance é prever que você um dia desejou ganhar aquilo de alguém, mas nunca verbalizou. Até hoje sou grato a essa caixa.

Aproveitando que eu havia falado de rosas mais acima, é interessante minha relação com elas. Acho que se um homem deseja realmente render uma mulher, ele deveria ter as rosas como aliadas. Sério mesmo. O lance das rosas não é pelo clichê de que mulher adora flores ou pelo perfume ou qualquer outra coisa. É pelo simples ato de se entregar uma rosa. Do jeito que o mundo anda, tornou-se estranho oferecer uma rosa. Ficar segurando um buquê na porta de tua casa com todos os vizinhos assistindo a cena de camarote, então, nem se fala. Tem que ser muito homem e ter muita coragem para fazer isso hoje em dia. E também lembrar que eu vivia escondendo rosas em lugares nada secretos para que você achasse. No porta luvas do carro, no banco, no para-sol. E por falar em para-sol, por que diabos eu fui inventar de colocar pétalas de rosa lá? Tua cara de espanto, alegria, descaso e outras coisas que eu não sei definir foi muito engraçada. Se bem que eu acho que você já desconfiava. Só agiu assim para não estragar a surpresa. ;-)

Contudo, se eu tiver de enumerar os presentes, eu posso dizer que o que ganhei foi o melhor de todos. Não havia presente maior para mim do que a gente junto. O casal que surgia de nós era algo bonito e complexo demais para se colocar num simples post. Quando a gente brigava, eu passava a semana toda improdutivo. Não lia, não escrevia, respirava errado. Quando a gente estava bem, eu era o rei da floresta. As palavras fluíam com uma facilidade incrível. Eu devorava livros e revistas que nem percebia. As horas no trabalho não passavam. Elas flutuavam. E quando eu estava contigo, elas cantavam. É. É bem meloso isso, mas não há outro jeito de ser dito. Ou você acha que eu sinto prazer em ser meloso? Claro que não. Você era meu vício sem nunca deixar de ser a cura. Deve ter sido isso que me conquistou.

Não entendo até hoje porque eu disse que estava namorando contigo, antes mesmo de você saber. É puro amadorismo isso. Por que não fui simplesmente o cafajeste que era acostumado a ser e te manipulado por um bom tempo ao invés de cair vítima da minha própria estratégia de sedução? Eu estava confortável antes de você aparecer. Depois que você apareceu, eu desaprendi tudo o que diz respeito a jogar com uma mulher. E por que até hoje não consigo ficar puto com esse fato? Você deve ter feito alguma macumba. Não há outra razão que explique isso.

Tuas mensagens. Por que eu não parei com isso logo quando elas começaram a ficar melosas? Era a mais pura covardia o sujeito acordar com SMS daquelas. Havia dia que eu lia 20, 25 vezes a mesma mensagem. Não é exagero. Ainda me lembro a primeira de todas: “Posso não ligar, mas mensagem eu mando”. A segunda, então, “Adorei acordar com uma mensagem sua”. Se você soubesse o que isso é capaz de fazer, tomaria mais cuidado. Não se acorda um homem com mensagens assim. Ele pode ficar mal acostumado. Você invade o único refúgio dele, que é a mente, e começa a dominá-la. Tem coisa mais patética do que um homem que passa grande parte do dia pensando em uma única mulher?

Para falar a verdade, eu nunca pensei realmente no fim. Nem sabia que era possível. Mas foi. E se eu tivesse tomado cuidado em relação a isso, teria roubado alguma coisa sua para deixar aqui perto de mim quando esses momentos de saudade me assaltassem. Um par de brincos, uma blusa, um anel, aquela boneca feia e velha ou aquela vaca malhada que eu não lembro o nome agora, qualquer coisa valia. Se bem que eu tenho o pato. Mas aí você quem me deu. Não vale. E também o pato é item fundamental do carro, assim como as rodas, o volante e todo o resto. Eu deveria mesmo era ter roubado alguma coisa sua. Por que não roubei teu coração? Sou tão patético, às vezes. Hahaha

Agora chega. Como você costumava dizer, isso aqui está ficando meloso demais. E a gente não gosta dessas coisas, não é mesmo? Somos dois seres fechados que evitam demonstrações de sentimento e afeto. Na verdade, isso aqui não é uma demonstração de nada. É só um desabafo. Que só quem vai entender é a menina linda da foto. Abri uma exceção hoje porque eu precisava encontrar um jeito de dizer que, apesar de tudo, minha mente é constantemente invadida por ela. Pelo cheiro dela. Pelo sorriso dela... Enfim, menina linda da foto, se você se identificou com esse post, essa é minha forma de dizer o quanto gosto de você.

11 de maio de 2011

O dia em que me transformei em Henry Charles Bukowski (Parte III- Final)

(Continuando...)

Nos arrumamos e nos deslocamos para o centro da cidade, lugar no qual acontece toda a badalação. São vários bares, restaurantes, botecos, pessoas. Enfim, uma infinidade de coisas para fazer e possivelmente merdas para aprontar. Aquilo daria um material perfeito para se escrever um conto depois. Nessa época eu tentava ser escritor. Inclusive as pessoas me perguntavam se eu continuava escrevendo e eu saía pela tangente dando a desculpa de que estava com bloqueio criativo. Nunca vi tamanha homossexualidade. Para mim, todo escritor que se dizia com bloqueio criativo, deveria levar umas boas dedadas e ser proibido de escrever qualquer coisa pelos próximos vinte anos, que é pra deixar de frescura. Meu caso era uma exceção. Eu não estava com bloqueio porra nenhuma. Pelo contrário. Andava escrevendo tanto que nem eu mesmo suportava ler meus textos. E todos tinham um modus operandi que era absolutamente previsível e descartado pelos editores: um cara inconseqüente, que bebe como louco, fuma como uma caipora e é uma verdadeira máquina de trepar. Não havia nada de emocionante nem de diferente neles. Na verdade, meus textos eram uma projeção do que eu queria ser e não fui. Eu sonhava em ser um cara fodão, que só bebia uísque doze anos, fumava duas carteiras de Godang Garam por dia, comia aquelas mulheres estilo comercial de cerveja e tinha na garagem um pequeno V8 conversível. Como isso não era possível, eu levava a vida bebendo cerveja barata, fumando cigarros vagabundos e trepando com mulheres de beleza quase sempre questionável. E automaticamente isso era transferido para meus personagens.

Chegamos ao centro da cidade e a primeira coisa que eu fiz foi procurar um lugar que vendesse cigarros. A vida ficava bem mais chata se você não pudesse fazer uma fumaça de vez em quando. Comprei logo dois maços que era para garantir um enfisema pulmonar antes que acabasse a noite.

Quando voltei para junto do pessoal, a maioria já estava dispersa e inclusive vi que o Malkovich estava em outro bar, mandando o xaveco numa loira peituda. Nossa Senhora, aquela mulher era um verdadeiro banco de leite. Poucas vezes vi um peito tão exagerado como aquele. Há peitos em que você encosta a cabeça e dorme como se fosse um pequeno travesseiro. Há outros que parecem uma grande almofada. Os daquela mulher eram simplesmente duas bóias de piscina. Não consegui associar a outra coisa. O lado bom é que pelo menos afogada, ela jamais morreria. E de quebra, ainda salvaria meu amigo. Dei mais uma tragada e fui em busca de alguma coisa interessante.

Vi Sarah conversando com umas meninas pertinho do calçadão. Sarah era uma garota perfeita, mas, como toda mulher, tinha as suas frescuras. A que mais me irritava depois do fato de ela me censurar na bebida e de ficar me chamando de vagabundo era o lance de ela detestar cigarro. E eu adorava fumar. As brigas por isso eram quase constantes.

No entanto, hoje eu iria pegar leve com ela. Não iria fumar na frente de Sarah e iria fazer o máximo para não ficar embriagado de novo. Bem, eu não estava fazendo isso porque gostava dela ou porque queria agradá-la. Aliás, eu até gostava, só que, como há muito tempo eu não sentia o calor de um rabo e nem dava umas tapas numa bunda, era preciso ser no mínimo, gentil. Tudo pela perpetuação da espécie.

-Hello, baby! Eu disse.

-Oi, Chin. Não achei que você viria! Disse Sarah. - Essas aqui são minhas amigas, July e Mirela.

As duas até que davam um caldo. Por um segundo, me imaginei comendo as três de uma vez. Seria pouco pau pra muita xoxota.

-Ficar em casa é para os fracos. E inclusive, eu queria te ver. Faz tanto tempo desde o fim. Queria saber sobre seus estudos, seu trabalho, sua família, enfim, sobre você.

-Hum rum... Disse Sarah com ironia. Você sempre disse que meu curso era coisa pra desocupado, que meu trabalho era coisa pra puta e que minha família era completamente desajustada.

-As coisas mudam.

-Rápido demais, até.

-Sarah, disse uma das amigas, a gente vai dar uma volta. Nos falamos depois.

-Ok. Ela disse.

Levei Sarah para sentar num bar e começamos o papo cabeça:

-E então, Chin? Disse ela.

-E então o quê? Perguntei.

O garçom trouxe o cardápio.

-Como anda sua literatura? Li um conto seu num fanzine por aí. Só falava em bebida e trepada e xoxota e cu. Você acha mesmo que as pessoas estão interessadas nisso? Você acha que essa é literatura moderna? Nunca vi um escritor falar tanto desses temas como você. Até parece que o mundo é feito apenas de rabos e peitos e vaginas e a sua obrigação é enfiar seu pênis em todos eles.

-Escuta, podemos adiar isso? Perguntei.

-O que há, Chin? Não está mais escrevendo?

-Sim, estou. Na verdade, de uns dias para cá estou até mais lírico.

-É mesmo?

-Claro. Você não deve ter lido meu ensaio sobre o amor.

-Aquele no qual você diz que o amor é igual a uma puta?

-Faz todo sentido. O amor vem, te faz um carinho, te dá uma bimbada, pega o que tu tens de valor e vai embora.

-Às vezes me pergunto por que me apaixonei por você.

O garçom voltou mais uma vez e eu pedi uísque. Sarah pediu água sem gás.

-Porque no fundo você sabe que na pele desse cara sujo, há um bom sujeito.

-Até hoje procuro o bom sujeito.

Chegaram nossas bebidas. Não consegui bem entender o que aconteceu, mas, de uma hora pra outra, ali naquele pouco tempo conversando com Sarah, eu refletia sobre tudo que eu havia feito com as pessoas, inclusive com ela. Eu não conseguia nem me alegrar e nem rir com isso. Era como se uma espécie de melancolia tivesse me assaltado. Tratei de me defender bebendo o uísque num só gole.

-Você vai ficar a vida toda assim, Chin? Bebendo, dormindo e vendo a vida passar desse jeito? Ela perguntou

-Você tem uma sugestão melhor?

-Você tem um grande talento, mas desperdiça com bobagens. Você é um cara cativante quando quer ser. Creio que a maioria das merdas que você faz, não é por mal. Entretanto, talvez seja a hora de crescer e acabar com essa síndrome de Peter Pan, Chin.

Senti um peso na voz dela.

-Você precisa levar mais a sério suas atividades. Falar de xoxota e cu não vai te levar muito longe. Ponderou Sarah.

Voltei a refletir. Tudo o que lea falava, fazia sentido. Pensei mais um pouco e finalmente levantei e disse:

-Sarah, vamos embora. Vamos para casa dar uma foda.

-É assim que você resolve seus problemas? Indo pra casa e dando uma foda?

É. Hoje quero dar uma foda e amanhã penso nisso.

-Tudo bem.

Nos despedimos do pessoal e fomos para casa andando. Não ficava muito longe dali. Cerca de dez ou quinze minutos de caminhada.

Chegamos e fomos direto para o quarto. Estava tudo escuro e eu continuava pensativo. Será mesmo que existe uma espécie de carma, onde as coisas que enviamos para o universo, voltam novamente para nós?

Sarah tirou a roupa. Ela continuava linda. O tempo passa, mas certas coisas nunca mudam. Aquela mulher era realmente incrível. De todas as mulheres com as quais eu já me envolvi, eu nutria um carinho especial por ela. Não pelo fato de ela ser gostosa, porém, pela capacidade que ela tinha de me atingir com palavras. E poucas pessoas conseguiam isso.

-O que há, Chin? Ela perguntou.

-É tudo tão estranho. A vida, o universo e tudo mais.

-Tira a roupa e vem me comer.

Foi o que fiz. Contudo, as coisas que eu havia feito hoje e em outros dias não saíam de minha cabeça. A minha vida passando, a minha falta de responsabilidade em relação a escrever, o meu modo de tratar as pessoas e de levar a vida... Em certo momento, achei que não conseguiria colocar pra dentro. Mas Sarah estava ali, implorando por isso. E dessa vez eu não podia decepcioná-la. Era bom estar com ela. Era bom estar com alguém que não iria te julgar. Montei nela e gratinei-a bem. Dei algumas estocadas e logo resolvi descer e meter a língua na xoxota. Sarah se contorcia. Era o mínimo que eu podia fazer por ela. Montei de novo e dessa vez estoquei com raiva. De repente, ouvi uma voz:

-Chinaski, seu filho da puta?

Era o tio de Malkovich, completamente bêbado. Fui até a porta.

-Fala velho! Não vê que estou ocupado?

-hahaha. É isso que você chama de pau? Até meu bisneto de cinco anos tem um pau maior que isso.

-Fala logo.

-Vamos tomar uma cerveja? Apesar de te achar um imundo, no fundo, acho você um cara sincero que não tenta ser o que não é e gosto disso em você.

-Obrigado, velho Fica para a próxima. Disse isso e fechei a porta.

-O que ele queria? Perguntou Sarah.

-Nada demais, só celebrar a amizade.

Sarah me abraçou. Nesse momento senti o mundo parar e eu não queria estar em outro lugar senão ali e nem com outra pessoa senão ela. Se for isso que chamam de amor, eu já poderia morrer, pois nunca senti nada tão poderoso. Nos abraçamos ainda mais forte e a sensação que eu tinha era de que meu sangue iria romper minhas veias. Chinaski também era capaz de amar. E mais ainda de escrever. Eu estava me sentindo vivo de novo.

O velho Bukowski devia estar bastante orgulhoso disso.

10 de maio de 2011

O dia em que me transformei em Henry Charles Bukowski (Parte II)

(Continuando...)

Eu não lembro bem como aconteceu, mas parece que depois de algum tempo, minha cabeça simplesmente entrou em parafuso. Num instante eu estava no terraço da casa trucidando minhas cervejas. No outro já estava na praia, colocando todos os bofes pra fora e implorando por mais bebida. Eu havia perdido muito líquido naquelas vomitadas e era preciso repor de maneira eficaz. Levantei cambaleando e fui até a barraquinha mais próxima. Só tinha aguardente. Nem pensei duas vezes. Joguei meio copo para dentro. Em um segundo vi o mundo girar. No outro, eu estava novamente no chão. Aproveitei que estava numa posição confortável na merda, olhando para o céu e resolvi falar com Deus:

-E aí, Deus? Eu disse. Mas não obtive resposta.

-Qual é, Deus? O senhor também vai me censurar? Só porque eu bebi um pouquinho além da conta?

O céu começou a ficar meio escuro e como num clichê de filmes americanos, ouviu-se alguns trovões. Deveria ser Deus, arretado comigo.

-Chinaski, meu filho... Deve ter respondido Deus, já que ouvi umas vozes vindo do céu. Quase me caguei de medo. - Qual o prazer em se colocar em um estado deplorável de perdedor desses? Por que você não facilita meu trabalho e para de fazer tanta merda? Indagou Deus.

-Por que o Senhor não facilita o meu e me cura dessa ressaca? Disse isso com um sorriso maroto na cara.

-Pra quê? Pra tu encheres teu fígado de bebida de novo? Já não foi suficiente? Qual o sentido disso, meu filho? O que você ganha, o que você busca? Não vê que assim só machuca as pessoas ao redor?

-Pô, Deus... Desculpa pelo palavreado e tudo, eu to aqui me controlando para evitar palavrões com o Senhor, mas, sabe como é, né? Eu sou um cara que se posiciona do lado dos vencidos, dos transgressores, dos que não respeitam muita coisa.

-Sim, mas o que isso tem a ver com nossa conversa?

-Na verdade, porra nenhuma. Era só pra o Senhor saber que eu gosto muito desse discurso do Roberto Piva. Além do mais, Deus, eu não sei viver de outra forma. Quer dizer, até posso tentar, mas acho que não vai ser divertido. Sabe Deus, às vezes penso que esse meu estilo de vida esconde uma espécie de catarse. Não que eu ache bonito ser bêbado e filho da puta. Mas, se apenas um homem fizer isso e todos verem que não é nada bom ser assim, ele servirá de exemplo para que os outros não façam. Então me encarreguei dessa árdua tarefa. Eu bebo e fumo e trepo para que as pessoas vejam o quão fodido eu sou e procurem um estilo de vida mais virtuoso.

-Chinaski, disse Deus com certo sarcasmo... Essa foi a pior merda que eu já ouvi, desde quando o diabo tentou Jesus. Pelo menos você foi original e eu quase movi um músculo da minha face. Por quase me fazer rir, eu vou te colocar em coma alcoólico e quando você sair dessa, decidirá o que é melhor pra sua vida.

-Coma alcoólico é bronca, Deus. Tem só como curar a ressaca não?

E tudo se apagou...

A única coisa que me lembro é que eu estava na casa de Malkovich, na cama, limpo, cheiroso e com um pouco de dor de cabeça. Tentei levantar. Caí. Tentei ficar de pé de novo. Caí mais uma vez. Fui de quatro até a sala. Algum filho da puta me ofereceu cerveja. Aceitei. Dei um gole, ri daquela merda toda, levantei me apoiando na parede e fui pro segundo round. Ou eles achavam que eu iria perder a luta tão fácil?

Todos ficaram surpresos ao me ver. Achavam que eu não levantaria daquela cama tão cedo. Eu só pensava que nesse momento Bukowski estava se revirando no túmulo de tanto orgulho que estava de mim. Ele sabia que um cão como eu não seria abatido tão facilmente.

-Então, você conseguiu se levantar, seu bostinha? Perguntou o tio de Malkovich.

-Olha velho, não me enche a porra do saco. Eu só quero ser feliz e tomar uma bebida e ficar um pouco embriagado e ainda por cima, fumar uns cigarros. Ah, também quero foder a Sarah. Faz tempo que não dou umas boas tapas naquele rabo.

-Não sei o que ela viu em um derrotado como você.

-Velho, aprenda uma coisa. Amor de pica, onde bate fica.

-Isso eu tenho de concordar.

-Vai lá e pega umas cervejas pra nós dois. Vamos comemorar alguma coisa.

-Você não deveria beber tanto. Não vê que já passou dos limites? Tiveram que te buscar na praia, de tão fodido que você estava.

-Olha velho, eu lembro de cada detalhe.

-É mesmo? Você por acaso se lembra o convite que você fez a minha esposa?

-Huuummm... não. Mas certamente, não a chamei para trepar.

-Chamou sim. E enquanto ela estava no banheiro lavando sua chapa, você disse que seu tesão era receber um boquete de uma banguela.

-E ela topou? Perguntei inocentemente.

-Vai tomar no cu. Disse o velho taxativamente. E saiu.

Aceitei o conselho do velho e peguei leve na bebida. Afinal, ainda não eram não 22 horas e tínhamos uma noite inteira pela frente. Os convidados já estavam me olhando de lado. Provavelmente, eu havia feito muita merda. Pena que não conseguia lembrar.


(Continua...)



P.S: Tô dividindo a bosta desse conto em partes para que não fique muito cansativo e para que também eu possa ganhar tempo para escrevê-lo com calma. A terceira e última parte já foi iniciada, mas, não criem muitas expectativas em relação ao fim. O desfecho é absolutamente previsível e tem tudo pra ficar uma bela bosta. ;-)