27 de julho de 2009

Lourival Holanda: poesia ambulante e contagiante nos corredores da FAFIRE e da vida


(...)Lembranças são lembranças, mesmo pobres,
olha pois este jogo de exilado
e vê se entre as lembranças te descobres(...)

Carlos Pena Filho - Soneto oco.


Música perfeita de Nana Caymmi. Tem tudo a ver com a temática de hoje. Escute enquanto lê o post.

Nana Caymmi - resposta ao tempo



Neste último sábado (25/07), tivemos na turma de pós-graduação em Literatura Brasileira, na FAFIRE, a última aula do módulo de Teoria do Discurso Poético, ministrada pelo Professor Lourival Holanda. Era para ser uma última aula, daquelas bem normais, já que todo módulo, por melhor que seja, sempre chega ao fim. Eu disse ERA. Felizmente não foi. Aquele “último” encontro tinha um quê de diferente, de especial. Não pelas músicas que ainda estão em minha cabeça, não pela honrosa “despedida” do mestre, não pela comoção de meus colegas. Não sei bem explicar, e também não gosto de despedidas. Porém aquela tinha um sabor diferente. Assim como as aulas do Grande Lourival “Poesia Viva” Holanda.

Eu não sei bem como alguém pode respirar poesia o tempo todo. Melhor. Lourival não apenas respira poesia. Ele é a própria poesia viva, andando solta e ao alcance de todos que o procuram pelos corredores da FAFIRE. Sabe aqueles mestres que você aprende apenas por admiração? Talvez assim possamos definir Lourival Holanda, se é que ele nos permite a ousadia de “defini-lo”. Sinceramente eu não o conhecia. O máximo que tinha escutado falar dele era pela sua grande sabedoria e empenho para com seus alunos. Se por acaso eu tivesse criado alguma expectativa a respeito de Lourival, elas cairiam por terra já naquele primeiro encontro, onde, mesmo eu estando atrasado, fui recebido com um carinho e uma humildade incrível. Não há como agradecer o que ele fez por nós em tão pouco tempo. E menos ainda pela magia despertada naquela última aula. Há coisas que um homem precisa viver para saber que existiu. Quem estava naquela última aula sabe muito bem do que falo.

Enfim, eu não quero me alongar muito neste post, até porque todos os créditos serão dados ao meu Grande amigo e Poeta, Gerferson Neftali. Esse sim soube seguir firmemente os passos do Mestre e vai senão ainda respirando constantemente a poesia, anda fazendo dela parte indelével de seu universo azul, ao sabor dos Ventos Brandos, dos ventos brandos da vida. Leia aqui, na íntegra, o magnífico post escrito por Gerferson relatando tudo que ocorreu naquela manhã de 25/07. Sinceramente, eu jamais faria melhor.

16 de julho de 2009

Californication: no fim de tudo, só nos resta foder com a vida

“Lembre-se, no fim do dia, é tudo por ela. Só por ela.”


Logo quando ouvi falar em Californication, não dei muita importância, já que não aprecio muito séries televisivas. O máximo que lembro foi ter assistido na infância alguns episódios pingados de Dawson´s Creek, Barrados no baile e outras por aí afora. Porém, com Californication foi diferente. Simplesmente identificação total já no episódio piloto. Não apenas com o escritor comedor de mocinhas, mas com a atmosfera mágica como um todo.


Californication é completamente diferente de tudo que já vi por aí. É surreal, é introspectivo, é sacana, é desrespeitoso. Não esconde cenas de sexo ou drogas. Os atores parecem ter sido predestinados a assumirem seus respectivos papéis. A trilha sonora é muito boa ( tem Bob Dylan, Nirvana, Warren Zevon), os diálogos são incríveis, - a ponto de você ficar voltando várias vezes só para ler de novo -, além de uma dose deliciosamente alta de humor negro e tirano.


Contudo, ela não se resume somente a isso. Californication é uma lição de como viver. Ela grita o tempo todo para nós que no fim de tudo, no fim do mundo, só nos resta foder com a vida, em seu sentido mais lírico. Mostra que a busca pela felicidade é uma coisa completamente efêmera, se você não sabe para onde está indo. Ela escancara com as relações humanas, dançando freneticamente entre a alegria e tristeza, a vitória e o fracasso, o medo e a coragem para no fim nos mostrar que o que mais importa e a única coisa que podemos fazer nessa vida é amar. Muito. À maneira de cada um, claro.


Eu não consegui mais parar de assistir. Em dois dias engoli os doze episódios da primeira temporada. (baixe aqui a primeira e a segunda temporada completa) Dei um jeito de conseguir com um amigo a segunda. Acabei de rever o último capítulo e sinto como se tivesse ainda entorpecido pela trama. Ela consegue ir muito longe. Te coloca de frente contigo mesmo para depois te dar um murro no estômago, vislumbrando, assim, uma forma de te manter acordado para vida. Foda demais. Assistam e vejam como a vida pode ser ainda mais gostosa, mesmo que politicamente incorreta.



Post dedicado a Guilherme Rabelo. Primeiro por mais uma vitória em sua vida. Depois pelos poucos minutos de conversa que me inspiraram a fazer essa pequena abordagem. Além das cachaças filosóficas que me proporciona. Por tudo isso e muito mais, esse vai para ele.

2 de julho de 2009

Fazer da mente uma aliada

"O problema para a maioria de nós é que tentamos cultivar uma flor numa rocha. O jardim não foi arado apropriadamente. Não treinamos nossa mente. Simplesmente jogar algumas sementes sobre um solo duro e esperar que cresçam flores não funciona. Temos de preparar o solo [...]. Primeiro temos de remover as pedras e carpir as ervas daninhas. Então devemos preparar a terra e criar uma boa camada de solo cultivável. É isso que fazemos quando aprendemos a permanecer calmamente em meditação sentada: criamos um espaço para que nosso jardim se desenvolva. Então podemos cultivar as qualidades que nos permitirão viver nossa vida em plena floração."

Sakyong Miphan - Fazer da mente uma aliada

















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Livro maravilhoso de um mestre oriental que conhece muito bem os problemas do ocidente. Para quem acha que meditar é coisa de budista ou monge tibetano, essa obra é ideal para iniciar o treinamento da mente. Isso mesmo. Todos nós temos capacidade de tudo, para isso basta que treinemos e silenciemos nossa mente. Com a mente treinada, abriremos espaço em nossas vidas e, consequentemente, as coisas ficam mais visíveis e podemos de forma livre e desidentificada, passear por todos os mundos que nos são apresentados. Sem apego. Apenas existindo. Apenas sendo. Sentido autenticamente os sabores, as delícias, nos divertindo até nos conflitos e percalços da vida. Recomendo.