13 de setembro de 2008

Meu mundo agora é ela ou: De como eu quis viver a vida dela, e me fudi

Vamos imaginar uma situação comum. Um casal está bem de vida, felizes na medida do possível, os estudos e o trabalho estão alinhados, mas a bosta do relacionamento não. Insiste em dar dor de cabeça. Cobranças de ambos os lados, brigas, ciúmes desnecessários, carência quase que total mesmo estando juntos, desentendimentos bobos, enfim, parece que não anda de jeito nenhum. Os dois decidem ter uma conversa mais séria. Marcam o dia, saem para esclarecer tudo, literalmente rasgam o verbo, chegam a um consenso. Decidem eliminar tudo que atrapalha a relação. Dessa vez tem tudo para dar certo.

Alguns dias mais tarde, tudo parece perfeito. Risos, baladas, programas a dois regados a muito sexo vinho, felicidade, uma vida de sonhos, carinhos, planos, tudo “perfeito”. Ele passa a se dedicar mais a ela. Ela passa a se abrir de modo integral e, por se sentir ligeiramente mais segura, passa a corresponder mais, sem medo, sem encanação, sem aquelas coisas deliciosamente engraçadas que só as mulheres são capazes de imaginar. Ah, o sorriso e a alegria são inevitáveis. Até a pele fica mais bonita. Se é que me entendem.

Passado pouco tempo, a segurança dela se traduz em acomodação e desleixo. A dedicação dele torna-se sinônimo de cobrança, cobrança e por fim, mais cobrança. Ela não agüenta mais tanta carência por parte dele, que mendiga por migalhas de atenção e quer quase que total, senão absoluta disponibilidade da parte dela. Ele começa a ir mal nos estudos, perde cadeiras importantes, se atrasa para o trabalho e é constantemente chamado a atenção pelo chefe. Não sai mais com o amigos, não tem tempo para nada, a não ser para ela. A vida dele agora é ELA. O foco dele está todo nela. Todo o tempo dele é pouco para ser dedicado a ela. Já ela... ah, ela quer sair com as amigas, quer aprender coisas novas, quer estudar mais para conseguir um emprego melhor, quer fazer mais coisas sozinha, quer apenas ter de volta o direito de viver. Isso não é pedir demais.

Ele não agüenta mais tanto corpo mole dela. Quer que seja mais ativa no namoro, quer ver interesse por parte dela, quer apenas se sentir amado como antes. A carência e a mudança de foco o cegaram. Ela não suporta mais aquele blábláblá dele. Já evita ligar para não ter que escutar o menino chorão reclamar. A mudança total e repentina das prioridades dele acabou por fechá-la. O que era para ser uma coisa saudável, divertida e prazerosa, torna-se um fardo impossível de carregar. Tudo isso por que ele colocou toda a responsabilidade de sua felicidade nas mãos dela. É um erro comum que costumamos cometer. E quase sempre nos damos mal.

Merda! Será que comprei o absorvente certo? Se não for esse, ela vai terminar tudo comigo.

Retomando a estorinha. Conversam novamente, de um modo ríspido e acusador. É uma troca de farpas de ambos os lados. O namoro acaba. Ele se fode fica mal, quebrado e sem chão. Ela não, pois o fim, mesmo que doloroso por um tempo, torna-se um verdadeiro alívio. Ele não se conforma e pede para voltar. Diz que vai mudar, que dessa vez será diferente - das outras também não seria? - Já não percebe que ela perdeu a confiança nele. Essa confiança perdida não se remete a traição. Explicando melhor, mulher nenhuma, mesmo que não perceba, não confia em homens que não tem horizontes e focos pré-estabelecidos e, muito menos naqueles que “perdem” suas vidas depois que encontram um amor. Acreditem, elas adoram sentir saudade e irão gostar mais ainda se você proporcionar alguma coisa que as deixem na “ponta do salto”. Por esses fatores, ela decide não voltar.

O desfecho dessa estória, apesar de trágico é bastante familiar para nós. Nossas relações são fundamentadas quase que exclusivamente nas emoções, no apego, fazendo com que sejamos facilmente fisgados e nos tornemos reféns daquilo. Se quisermos mudar ou manter um relacionamento, temos que começar não focando nele. Foque em você, nos seus estudos, em diversão, amigos, práticas, trabalho, menos no relacionamento. Aí naturalmente a coisa vai fluindo, torna-se mais leve, mais dinâmica, mais espontânea. Tudo flui com lucidez resultando num crescimento gratificante de intimidade, cumplicidade e todos os frutos que um amor bem tratado é capaz de oferecer.




4 comentários:

Anônimo disse...

Will! eu tinha desistido de entrar no seu blog, achei que vc tivesse deixado às moscas... depois de algumas semanas cá estou eu e que surpresa boa! Você resolveu dar o ar da graça. =D Gostei muito do post, que atire a primeira pedra quem nunca passou por isso. Porém acho que o sujeito deveria estar no feminino já que essa situação é bem mais comum entre mulheres, embora alguns homens já tenham passado por isso tbm. Enfim, resolvi comentar para dar um puxão de orelha e dizer para vc escrever mais frequentemente. Ah, e não considere isso como a aparição mensal! hahaha Beijão querido.

Will disse...

Ah Yah, vontade de postar eu tenho muita. O que eu não tenho, é a determinação de sentar e escrever. Preciso corrigir isso. E não deixe de prestigiar não. Contando com você, são apenas quatro ou cinco leitores fiéis. E você sabe o quanto isso é importante.
Em relação ao tema, isso é bastante comum entre as mulheres, porém acho que a esmagadora maioria é entre os homens. Tanto que esse sujeito que você sugeriu colocar no feminino, sou eu. haha
Esse post é mais uma biografia do que qualquer outra coisa. Ele ainda está incompleto, falta colocar um "P.S.", que não o fiz ainda por que achei que não estava de acordo com a postagem.
E apareça mais vezes, você é sempre bem-vinda meu anjo.

Beijo!

Anônimo disse...

Will!
Parabéns.. este post acaba de salvar um relacionamento que estou vivendo ;P

Agradeço!

Will disse...

Que bom Rafael. Relate para nós depois como foi.
Abraço!