1 de novembro de 2010

Da necessidade de conexão ou jogo dos 11 erros

Conexão. Palavra concreta que permite vários significados. Dizemos que uma coisa está conectada quando ela está em sintonia com alguma outra coisa diferente. Ou então que a conexão foi estabelecida quando as coisas andam no mesmo sentido e em harmonia. Você tenta fazer uma ligação do seu celular e ele se encontra sem área. A conexão não está boa. Sua internet cai do nada. A conexão foi interrompida. Duas pessoas se encontram e entre elas não flui uma espontaneidade. É tudo rígido, morno, sem vida. Nesse caso, a conexão nem sequer deu as caras. Temos aí então o primeiro erro. Achar que somos capazes de nos conectar o tempo todo com pessoas. Desse primeiro erro, surge um segundo ainda mais grave: tentar a todo modo estabelecer uma conectividade onde o sinal é fraco.



Talvez seja isso que nos falte. A coragem de estabelecer conexões sem esperar nada em troca. As relações contemporâneas andam tão superficiais que quando nos deparamos com alguém capaz de adentrar mundos, logo nos assustamos. Nos fechamos. Achamos que aquilo ali não tem nada a ver com a gente. Nesse momento surge o terceiro erro: nosso medo de deixar que alguém se conecte com a gente nos faz perder oportunidades incríveis. Nos faz ter uma vida normal demais. Nos faz ficar na mesmice. É incrível como a zona de conforto na qual nos encontramos limita nossas ações. Achamos que o mundo é cíclico, que os momentos se repetem, só mudam os personagens. E, quando aparece alguém com capacidade de subverter isso, armamos nossa lança e pegamos nosso escudo. Como guerreiros a postos esperando uma batalha, lutamos até a última força para manter uma identidade que achamos que é imutável. É nesse espaço que se manifesta o quarto erro. Esquecemos que o mundo é impermanente. Esquecemos que estamos mudando o tempo todo, mesmo que isso não seja perceptível. Conexão é isso. É estar aberto ao inesperado. Alguém aqui no rádio me diz que tristeza é ausência de felicidade. Me vem um insight que diz que falta de conexão é ausência de diálogo. Mas como posso pensar isso se passamos grande parte da noite conversando? O quinto erro aparece aí. Conversar demais. Racionalizar demais. Perguntar demais. Hesitar demais. Mulher não confia em homens que costumam ter esse tipo de atitude. Deve ser por isso que ela está no sofá, enquanto eu tento desabafar escrevendo isso. Ela olha para mim de um modo estranho. Consigo ver o abismo que nos separa. Eu não sei agir em um espaço limitado. Minha liberdade, profundidade e presença não são nada diante dos bloqueios que essa mulher me impõe. Consigo perceber o sexto erro. Solidificar as flutuações femininas. Desde que comecei esse blog, sempre bati nessa tecla. Mulher não conduz, mulher não toma decisões, mulher tem direcionamento que leva a relação para lugares estranhos. Não é machismo. É biológico. Pergunte quantas mulheres gostam de ser o homem da relação. A condução, o direcionamento, tudo isso são ações masculinas. É como se tivéssemos num carro. A mulher não quer decidir para onde o casal vai. Ela só quer ser conduzida. Melhor. Ela quer ser surpreendida. A conexão vem justamente dessa atitude. Homem assumindo seu lugar de homem. Mulher assumindo seu lugar de mulher. Sétimo erro. Troca de papéis. Esse seja talvez o erro que mais me incomode. Eu só queria que ela participasse das decisões comigo. Por isso perguntei tanto, hesitei tanto. A música de fundo é melancólica. Uma troca de cartas entre dois padres. Vejo nesse momento a atitude que mais admiro em uma mulher. A capacidade de ser feminina. Agora vejo o fruto de todos os erros. Negar a feminilidade dela. Estive o tempo todo imerso em mim mesmo que me esqueci de dar o espaço para que ela dançasse. “Caminhamos em ritmos diferentes”. É a conclusão que ela chega. Me divirto com isso. Eu sou inseguro e imediatista. Preciso de afirmação. Ela é medrosa e retraída. Em momento algum me dá certeza. Oitavo erro. Embasar suas ações nas certezas femininas. Há uma metáfora que diz que mulher é como onda. Ou você surfa, ou se afoga. Cometo o nono erro ao não ter capacidade de surfar essa mulher. O décimo erro acontece no momento em que escrevo tudo isso. Ela só quer ser aberta. Ela só quer alguém que faça a tão necessária conexão. Não me sinto capaz disso. Acredito no que ela diz, não percebo seu silêncio, não compreendo suas ações. Finalizo de maneira vergonhosa com o décimo primeiro erro. Ter medo de uma mulher. Como alguém espera estabelecer uma conexão se tem medo de penetrar uma mulher? Volto ao título do texto. Cometi todos esses erros. Perdi a oportunidade de fazer alguém feliz. Acaba o vinho. Apago o cigarro. Me lamento de ter escrito isso e agradeço a ela pela oportunidade.

5 comentários:

AMARela Cavalcanti disse...

Senti um piano cair nas minhas costas quando li teu post!

bjus!

Lua disse...

Se cobra demais... em vez de pensar no passado, porque não faz diferente no presente ou no futuro?!

Anne Beatriz disse...

Décimo primeiro erro: Ter medo de uma mulher. Já ouvi muito isso...

Taciana Gonçalves disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Dyana disse...

Agora é minha vez...
Tou sentindo uma treta. E essa é das grandes.