15 de junho de 2008

Factórum - Charles Bukowski


Hoje inicio uma nova categoria aqui no blog, que é a de livros recomendados. Estas recomendações são de obras que já li e gostei, ou de alguém – conhecido meu ou não - que tenha algum título interessante e que gostaria de compartilhar. Caso tenham interesse, me mandem um e-mail com o título do livro, o autor e um breve resumo sobre a obra. Lembrando que a indicação pode ser de qualquer área. Desde ficção, não-ficção e romance – os mais variados possíveis -, a gibis e mangás.

Eu não poderia começar essa categoria de jeito melhor. A obra que recomendo aqui é Factótum, de Charles Bukowski. O livro foi publicado em 1975 e é um dos poucos de autoria de Bukowski com tradução para o português. Essa edição – foto à esquerda - é de 2007, realizada pela L&M Pocket, conta com a tradução de Pedro Gonzaga. Tradução esta que manteve uma extraordinária fidelidade à edição original. O que é melhor, por se tratar de uma edição de bolso, o preço é muito acessível e o livro apesar de não ser de brochura – seria até um pecado exigir isso-, é de boa qualidade.

Factótum é o segundo de seis romances escritos por Bukowski. Conta a história de Henry Chinaski – do qual virei fã de incondicional –, um dos mais célebres anti-heróis da literatura norte americana. Chinaski, como o próprio título do livro já acusa, é um cara que faz de tudo. Leva a vida perambulando pelos E.U.A em busca de reconhecimento como escritor, porém seu talento não é apreciado pelos “literatas” da época. Chinaski, como todo bom vagabundo, não se abate pela falta de reconhecimento e sempre dá um jeito de se virar como pode. Passa a viver fazendo bicos nos empregos mais bisonhos, bebendo uísque, cerveja, qualquer coisa que contenha álcool em grandes proporções pago por ele e pelos outros, fumando charutos baratos, apostando em corridas de cavalos e comendo as mulheres mais vagabundas que pode encontrar. É impossível ler Factótum e não se deliciar com as lambanças em que se mete Henry. No decorrer das páginas, a cada frase irônica ou tirada sarcástica vinda de Chinaski, a cada “jeitinho” que ele dá nas situações, o leitor vai ficando ainda mais encantado e preso pelo modo assustadoramente simples com o qual Bukowski faz literatura. Ele vê tudo através de uma lente de desmistificação. Lente essa que desmistifica o artista romântico e o milagre americano. Para quem gosta de herói bonzinho, de boa educação, sem vícios e que agrade a todos, esse livro não é um dos mais recomendados. Recomendo as pessoas que apreciam tais características que leiam O diario de bridget jones.

Eu não consigo parar de ler Factótum. Chinaski é muito foda.

Muitos rotulam Bukowski como autor da geração Beat, que contava ainda com Jack Keruoac – On the road, Os Vagabundos Iluminados -, Allen Ginsberg – Howl -, mas o próprio autor não se considerava de preso a nenhuma geração. Para ele o que importava era encher a cara, fumar, comer vagabunda até dizer basta e escrever. Isso sim é que é vida. Pena que muitos não vejam.

Factótum tem cunho autobiográfico, - assim como a maioria dos romances de Bukowski, apesar de ele afirmar que tudo é uma ficção - já que se fizermos uma comparação entre a vida do autor e os seus personagens, encontraremos espelhos do próprio Charles Bukowski refletidos em seu personagem.

Abaixo temos algumas frases marcantes – irônicas - que o leitor irá encontrar ao longo do livro. Só um aperitivo para deixar ainda mais na curiosidade de ler Factótum.

“Foi quando aprendi pela primeira vez, que não bastava apenas que você fizesse seu trabalho. Era preciso mostrar interesse, se possível ate paixão por ele.” Chinaski

“-O que você faz?

- Nada. Bebo. Vario entre isso.” Respondeu Chinaski

“Passar fome não melhora a arte, apenas a obstrui.” Chinaski

“Baby, sou um gênio, mas ninguém além de mim sabe disso.” Chinaski

“Os grandes amantes são sempre desocupados.” Chinaski

“Uma mulher é um emprego de turno integral. É preciso escolher sua profissão.” Manny

"Assim que recuperei a sobriedade, soube que meu trabalho já era. Nunca voltei lá. Decidi limpar o apartamento. Aspirei o chão, escovei as esquadrarias das janelas, esfreguei a banheira e a pia, encerei o chão da cozinha, matei todas as aranhas e baratas, esvaziei e lavei os cinzeiros, lavei os pratos, areei a pia da cozinha, estendi toalhas limpas e coloquei um novo rolo de papel higiênico no banheiro. Devia ser a veadagem chegando, pensei." Chinaski

2 comentários:

Anônimo disse...

Olá ^^
Descobri seu blog na PO e to amando³
Adoro ler, mas confesso que ando meio preguiçosa. x_x
Nunca tinha ouvido falar de Bukowski, mas pelo que você mostrou ai, parece incrível, vou procurar para dar um gás em minhas leituras ^^
Adorei o post abaixo desse aahuehauhe, ótimo humor irônico, adoro isso.
Bomm, por hoje é só! Beijinhos caramelados

Will disse...

Que bom juh. Se bem que acho que não te vi ainda no orkut.

Bukoswki é um velho safado que sabia muito bem como aproveitar a vida. Mas nem todos entendem isso. De todo modo leia e me diga depois o que achou. Beijos.