22 de março de 2008

De como reconhecer uma princesa

Não é sobre a filha do rei. Não é sobre a soberania do principado. Não é sobre a mulher do príncipe. É sobre ser a mais distinta na sua categoria.

É fácil ouvir sonolentamente um monte de conto de fadas envolvendo princesas enquanto seu pai os lê. Difícil mesmo é perceber o que há por trás de toda essa magia envolvendo uma história de amor (isso soa tão clichê).

A imagem de uma princesa é justamente aquela que está num castelo querendo ser libertada por um príncipe. Eu disse “libertada”. Do que é que uma princesa precisa se libertar, afinal de contas?

Indo para a modernidade. Olhe em sua volta. Sim, repare bem... quantos casais cretinos de meia tigela fazem de tudo para conseguir a aprovação de que são nada mais ,nada menos do que “O casal perfeito”. O tipo de casal que ao se beijar começa a chover. O tipo de casal que flagra estrelas cadentes. O tipo de casal mais romântico no sentido amplo da palavra. Quantos casais fazem questão em se mostrar assim?

Depois de identificada toda essa hipocrisia social, pergunto-lhes; existe algo de profundo nisso tudo?

Vou-lhes falar sobre as características de uma garota na atualidade. Primeiramente elas se contentam com pouco. Um príncipe encantado pode ser encarado como simplesmente aquele que preenche sua carência (não só sexual, referente à companhia também). Segundamente, estas garotas necessitam de uma aprovação social. Logo, precisam de segurança (leia-se dinheiro suficiente para defendê-la, sustentá-la, apoiá-la enquanto estiver no período mais delicado na sua vida – a gravidez).

Portanto pode-se considerar que princesa é aquela que está diretamente preparada a quebrar toda essas malditas tradições, esses grosseiros valores sociais, essa pressão familiar do: “minha filha precisa da minha aprovação para se casar”. Tudo que causa essa simulação na sociedade. A verdadeira princesa deve se libertar exatamente disso, pois essa é o significado da libertação. O que priva a liberdade delimita a vontade da pessoa.

Depois desse post os contos de fadas não serão mais os mesmos.

Certamente o trabalho do príncipe é apenas de encontrá-la e oferecer sua mão prometendo-lhe uma jornada muito intensa ainda que desconhecida. Ou seja, o reconhecimento de uma princesa pode somente ser identificado através de sua coragem de abandonar o seguro para o incerto. Parece insanidade, no entanto é nesta loucura que se encontra o íntimo mais intenso de uma vida profunda. E do que valeria uma vida sem intensidade?

Para muitas garotas ler isso vai doer bastante. Afinal, todas gostam de idealizar-se como princesas e que o príncipe nada mais é do que o cara que por algum motivo apareceu na suas vidas. E elas não têm coragem de negá-lo. No fundo, as não-princesas conseguem confessar que há algo errado em suas vidas. Apesar da confissão não possuem coragem em questionar o motivo de suas míseras vidas estarem incompletas. E quando identificam a causa do vazio, não possuem coragem suficiente para modificar sua própria vida, aceitando o peso de uma pesada decisão.

Afinal de contas é bem mais fácil continuar numa relação segura e fazer sexo na posição papai-e-mamãe toda quinta-feira (sem direito a preliminares). Ir à festa de família com um ar de “oi, nós somos muito felizes”. Encher fotos no orkut aparentando ser um casal amistoso, feliz e unido. Ir à igreja todo domingo, seguir uma desgostosa rotina. E quando tudo estiver parecendo entediante; vem a idéia de ter um filho como se isso fosse resolver o grande vazio de uma relação superficial.

Conclui-se que intensidade é para poucos. Pois há poucas garotas com coragem de encarar não só a família, não só a sociedade, mas a si mesmas. Essa coragem é a responsável pelo alcance de uma integridade, em nunca abandonar suas próprias vontades, em ser original no que diz respeito as suas próprias decisões. Isso é ser uma princesa. E toda princesa merece nada mais do que uma vida encantada como contam as fadas.



Este post foi escrito por Steel Rodrigues, um estudante de Direito revolucionário que passa boa parte do tempo tocando violão, escrevendo textos críticos e fazendo petições jurídicas.

Um comentário:

Anônimo disse...

Vai ver, que é disso que eu preciso, "Coragem".

:*