16 de novembro de 2011

O romântico apaixonado

Depois de uma olhada, digo, depois de uma boa vislumbrada em tudo que pairava ao meu redor. Sim, chegava numa conclusão: “Há algo de muito estranho, muito estranho acontecendo”. Pensei.

Para começo de conversa; o inferno aparentava estar congelado, o abismo não me encarava mais, o apocalipse não assustava, fazia cócegas. Não que o epicentro de acontecimentos estranhos estivesse nesse dia, mas algo relacionado a ele:

No dia em que eu recebi o encargo de escrever sobre o feminismo.

- Se o machismo mata, o feminismo tortura. – Disse meu chefe. – Faz algo nessa linha. - Completou.

- Mas isso vai irritar muita gente...

- É, eu sei, é pra irritar no mínimo. Uma polêmica aqui, outra polêmica ali, é bom pro jornal, pro site, pro blog, polêmicas fazem bem a democracia, não acha?

- Tudo bem, tudo bem... É pra ser agressivo?

- Bastante. – Respondera com fúria, meu chefe.

Havia algo de errado, porque era raro ter carta branca num assunto, geralmente ficávamos sempre vinculados a assuntos políticos, portanto, éramos restringidos pelos interesses do nosso patrocínio.

- E lembre-se; - advertiu meu chefe. – Ninguém vencerá a guerra dos sexos, afinal; há muita solidariedade entre os inimigos.

Ok, ao começar a digitar no Microsoft world. As palavras não vinham, então percebi que o problema não era o conteúdo, mas a forma dele.

Buscar inspiração era uma necessidade, e a melhor forma era uma envolvente conversa e muito sexo selvagem com o sexo oposto. Lá vamos nós:

Primeira foda


Marquei num bar safado, daqueles pega-bebum, pois era o que ela mais apreciava. Ela era uma daquelas historiadoras, super descolada. Acreditava na plena liberdade do ser humano, por bem dizer, pela liberdade sexual também. Conversa vai, conversa vem... depois de uma, duas, três, quatro, cinco, seis, cervejas, era o suficiente para um boquete num beco escuro:

Depois de um sexo clandestino, nas escuras, de um lugar perigoso. Caminhávamos no centro da cidade e ela sempre me dizendo:

- Você é romântico. Eu sempre soube disso; você é muito romântico.

- Como assim? – Perguntei abismado.

- É isso o que você ouviu, eu sempre soube que você era um cara pra ter compromisso, para namorar, um cara família, sabe?

- Mas por que você tá me dizendo isso? – Perguntei em alto e bom som porque era impossível fazer sentido; eu que estava solteiro há mais de três anos, acostumara-me bastante àquela vida, recheada de liberdade e em total desapego. Acostumara-me com os vazios existenciais da carência. Minha única ligação com as mulheres era o sexo selvagem com muitas e só.

- Você não consegue esconder isso, você é romântico pra caralho. – Eu sabia que ela não estava falando isso com a intenção em me prender e dizer para aproveitar meu romantismo com ela, pelo visto, o desabafo, as considerações sobre minha pessoa eram do fundo do coração.

Não respondi, não porque me faltasse resposta, mas porque não havia nada que eu pudesse provar o contrário, o que é na verdade medonho.

Voltei para casa, com a intenção de escrever algo após muita conversa sobre relacionamentos amorosos, machismo, feminismo e relações de ir e vir... O que a conversa tinha a intenção em ser esclarecedora. Deixou-me mais e mais confuso. Era isso, eu era romântico. Mesmo depois de ir a um botequo fodido e uma trepada num beco sem saída. Essa era a conclusão.

Segunda foda:



Ela era bailarina, requentada e muito! Daquele tipo de garota que vem de família tradicional e você consegue observar bem no semblante do seu rosto aquele ar de família aristocrática, de portugueses ricos que ocuparam esse país, passando de geração em geração.

Após um encontro em um restaurante chique pra caralho. Dei aquele velho golpe do: “eita, esqueci a carteira, poderia pagar a conta?”.

- Ok, eu posso pagar a conta, sim. – Falou-me rindo. – Mas...

Eu não esperava por “mas”, não esperava por “no entanto”, não esperava muito menos por “todavia.

- Mas você que vai pagar o motel. – Ela completou.

Após uma grande surpresa; essa era minha garota; uma dama aristocrática na mesa, e uma putona na cama. E era assim que ela gostava de ser chamada, de ser tratada. Gostava de penetrações fortes: “Vaiiiii, me come gostoso, vai mais forte, mais forte.”

Após xingá-la bastante. E em um breve intervalo, perguntei se ela tinha um cigarro:

- Você não fuma. – Ela me lembrara.

- É verdade. - Eu consenti.

- Porque você fica dando uma de machão, de ogro?

- Porque eu devo ser um, não? Eu me sinto bem quando alguma garota me chama assim. É meio que um elogio pra mim, sabe? – Respondi com a plena convicção.

E aquela cretina riu pra caralho, ria como quem se acabava de uma piada muito descontente e avassaladora. Até que resolvi perguntar:

- O que foi? Por que você tá rindo?

- Você aí, oh! Dando uma de Mcgyver depois de uma foda.

- Sim e daí...

- Você não vê? Você é sensível... você é diferente dos outros.

- Como assim diferente?

- Não é o que você fala, sabe... É como você fala. Daí dá pra ver que você era um daqueles ultraromânticos do século XIX. Você não consegue nem enganar a si mesmo.

Levantei-me da cama, com o pau semi-ereto, e fui pegar uma cerveja no frigobar. Após um grande gole e uma aliviada do tipo “ah, esse cerveja tá boa pra caralho”. Retornava a me repousar na casa coçando o saco, num grande bela homenagem ao espírito masculino. De macho mesmo, porra!

Ela continuava olhando para mim, com aquele ar de riso e bastante empenhada em dar outra risada daquelas. Até que nem eu mesmo agüentei e soltei um arroto e peidei na cama mesmo.

- Você é mesmo muito romântico. – Ela disse.

Terceira Foda.

Porra, depois de vários acontecimentos inesperados e perturbadores, comecei a fazer o que era um incômodo para todo ser vivo; perguntar sobre si mesmo. E realmente, não dava para entender de onde aquelas piranhas tiravam tais idéias... Onde já se viu, eu, um ser do puro romantismo.

Antes mesmo de pedir a terceira cerveja; os meus amigos chegaram no bar e me acompanharam; conversa vai, conversa vem; e então resolvo contar a grande intriga.

- Mermão, vocês não sabem... têm umas doida aí que me acham romântico pra caralho... Puta que pario, né foda?

O mais assustador é que os dois se entreolharam e começaram a rir.

- Porra, bicho, desde que você terminou a porra daquele namoro (se referindo a um relacionamento quando eu ainda era adolescente), nunca mais as doidas foram as mesmas. E é assim mesmo, não dá pra se contentar com pouco, o lance é comer mais vadias possíveis, porque daqui a pouco chega a época, e você vai ter que rezar e casar.

- Porra.... – Completou o outro. Já imaginou, bicho? Tu lá, casado, sem ao menos ter metido com duas garotas ao mesmo tempo... isso é triste, isso é triste. – Dando um gole na cerveja.

- Bicho, a questão não é essa de antigo relacionamento. – Comecei a desabafar. – A questão é que... eu vivo num vazio existencial do caralho. A diferença é que eu aceito isso e admito pra mim mesmo. As pessoas possuem outra, ou gostam da idéia de que possuem alguém, simplesmente para agüentar esse vazio. O fato é que preencher esse vazio se torna viciante e pra mim foi ao contrário... pra mim, o viciante é deixar o vazio aberto. É como levar um tiro no peito, entende... e não querer que se cure a ferida.

- Viu, viu isso? – Disse um dos meus amigos. – Você ainda está traumatizado. É isso que acontece quando a gente se dá demais para uma pessoa. E você lembra, né?

- É... você não terminou com ela, nem ela terminou com você porque deixaram de gostar um do outro... simplesmente acabou porque teve que terminar, as circunstâncias pediam aquilo. É como aquele filme; CLOSER – tem uma frase legal; dizia que amar não era o bastante.

Depois de um longo silêncio na mesa... veio-me uma idéia:

- É, talvez seja trauma ou sei lá o que. Fico sempre me perguntando, qual seria o pior palavrão que você pode dizer para uma pessoa. Qual seria, bicho? – Joguei a polêmica na mesa:

- Tá com o cuzinho dando bote? – Arriscou-se um dos meus amigos.

- Fecha o cu pra falar comigo? – tentou o outro.

- Porra, vocês tão se fuleragem comigo, véi.

- Vai, fala, porra.

- É, É, fala, carai. – Insistiram ambos.

Após um longo gole e um bom silêncio, eu disse:

- Porra, sinceramente, véi. Acho que, o maior palavrão que alguém pode dizer ou... a maior ofensa que alguém pode praticar é quando alguém diz: “eu te amo”. Bicho, você tem idéia do que essa frase pode fazer com a vida da pessoa? Eu vejo os filmes de comédia românticas hollywoodianas, caralho, bicho. Esses filmes são muito agressivos. As pessoas que falam mais em felicidade são as mais fudidas. As pessoas que mais postam no facebook como está seu estado de espírito, que querem provar para o mundo, forçadamente, insistentemente que estão bem, maravilhosas, que são felizes e auto-suficiente. Porra, são essas pessoas que tão fudida, tão na merda, velho. Pessoas que dizem “eu te amo”, são agressivas pra caralho.

- O que tem essas pessoas? – Perguntou um dos amigos.

- Quero distância delas, velho. – Respondi. – Pessoas que dizem que te amo esporadicamente, bicho, parece uma heresia. Você vê em novelas, você vê em romances... é porque no mínimo, pode-se concluir que essas pessoas nunca souberam que porra era amor, ou significado em ficar apaixonado. Pessoas que nunca viram estrelas no espelho.

- Estrelas no espelho? – Perguntou um deles.

- Deixa pra lá. – Disse o outro amigo. – Bicho, bebe, bebe, tais precisando beber, bebe aí.

Antes mesmo que alguém perguntasse porque tanta revolta acabei o copo e fui ao banheiro; há quem dissesse que tinha ido não somente para mijar, mas sobretudo para esconder a lágrima que havia nos meus olhos. Acredite em mim; porque eu realmente falo a verdade; não havia lágrima nos meus olhos, porque ao invés de um beijo, ou um chiclete de menta, tudo que restava era a sombra do sorrisso que eu deixara para um tempo que era ficto demais para se ter certeza se existiu ou não.

Saindo do banheiro, a garçonete me perguntou:

- Você fala bem.

- A n ?

- Eu ouvi o que vocês estavam conversando... não pude resistir, gostei do que você disse.

- Ah, certo, certo. – Fui pego de surpresa.

Retornara para a mesa do bar, e lá; havia descontração total; Até que um dos meus amigos, após retornar do banheiro, disse:

- Ei, bicho; aquela doida ali (referindo-se a garçonete), te chamou de Romeu!

Risadas na mesa.

- E ainda perguntou – continuou meu amigo – se tu tinha namorada.

- E aí? eu perguntei animado.

- Eu disse que não, né, porra? Só tu mesmo pra ter namorada... Ela quer o teu número.

Para quem já é veterano em guerra, sabe que é muito fácil fazer acontecer as coisas, até chegar ao motel. Esperei o final do expediente, para que finalmente pudesse pegá-la e fomos ao motel.

Devido a conversa constrangedora e promissora que eu tive com meus amigos, acho que algo em mim estava um pouco fora do lugar. Talvez um pouco do lado esquerdo. Era como estar em dormindo numa rede, dentro de um barco embriagado.

Para tal efeito, eu meti nela, naquela garota desconhecida em que mal consigo lembrar o nome.

Meti com tanta força... com tanta agressividade. Reparei e concentrei tudo que havia de mais selvagem em mim e copulava, como se fosse explodir uma fábrica de explosivos, mas a explosão não vinha.

Metia forte, metia impiedosamente, enquanto ela pedia para que a chamasse puta: eu metia com todo meu vigor, todo meu ímpeto sexual estava lá carregado, acumulado. Metia com força para esquecer de todo o romantismo que um dia me acusaram.

Metia em várias posições e sempre com aquele ar agressivo. E ela gostava; fazia as mais indecentes promessas, praticava todo o tipo de sexo anal, vaginal, oral... meti tanto, que pude sentir o ácido lático nos meus músculos. E o orgasmo não veio.

No começo ela pedia baixinho: “goza pra mim, goza em mim”.

Depois; ela pedia com força: “vai, goza, goza...”

Na terceira vez, ela não mais pedia mais implorava: “vai, vai, vai... goza, não to mais agüentando.”. E de fato não gozei. Respeitei os limites do meu corpo, para que pudesse um respirar um pouco. Enquanto a garçonete que dividia a cama comigo e tomava o mesmo ar que eu... Pensei em abismos, pensei em infernos congelados. Pensei em finalidades, e misturei com falta de obejtos e objetivos. Para cessar o silêncio, ela disse:

- Você é muito diferente, diferente de todos.

Antes mesmo que eu pudesse perguntar: o que ela quis dizer com aquilo; ela sentenciou;

- Você é apaixonado...dá pra ver nos seus olhos que você é diferente de todos, muito muito... você acredita no amor.




Quando não sentimos mais medo do apocalipse, parece que o mundo acaba.

5 comentários:

Anônimo disse...

Gosto do que escreve. Na realidade te admiro, silenciosamente...
Quando se transa com alguém, se senti coisas mais que verbais. E quando vocês gozam na gente - falo sem camisinha - sentimos inteiramente quem vocês são.
Sabe-se mais o que o outro é, na cama, no sexo, no orgasmo.
Pelo jeito a sua preferência no sexo é selvagem, mas você já fez sexo carinhosamente e se libertou dessa sua armadura?
Não digo que é romântico, mas fala lindamente o que para nós é romantismo.
Eu transaria com você, para te sentir melhor...

Steel disse...

Anônima, apresente-se.

Lua disse...

hauahuahuaha... crises de riso! E muitas crises!
Parabéns Malkovich pelo texto! Romantico, apaixonado e maxista!

Ei will, saudades dos teus textos e de tu leso! hahaha! =*

Anônimo disse...

esse sim viu will, que conto , puta que pario.

fiquei molhada kkkkkkk minha nossa eu quero o meu o meu conto vc tá me devendo...xero

Anônimo disse...

ele sabe quem sou , me conece muito bem né mermo nego safado já tens o lado direito do meu coração todinho pra tu, kkkkkkk