2 de janeiro de 2012

O amor se esgota mais rápido do que um jato de esperma

Nós sabíamos realmente como viver naquela época. Bebíamos e fumávamos como ninguém e nossa capacidade sexual também estava no auge. Enfiávamos nossos pênis em qualquer mulher que sorrisse por mais de dois segundos para nós e só tirávamos de lá quando ela nos expulsava. Montávamos naquelas mulheres e dávamos a elas o que já era delas por direito: muita pica dura e por um razoável período de tempo. Às vezes, era por tanto tempo que as bocetas simplesmente se fechavam para nós. Se você nunca viu uma boceta se fechar para um pênis, é sinal de que você nunca chegou até as últimas conseqüências e de fato nunca comeu efetivamente uma mulher.

Voltando ao assunto, nós éramos realmente caras bem durões para o nosso tempo. Não que fosse preciso fazer muita coisa para ser um cara durão. Porém, só o fato de que você ser constantemente chamado de ogro pela maioria das pessoas numa sociedade extremamente sensível, já impunha algum tipo de respeito. Ou não.

Líamos também os escritores da moda e constantemente discutíamos sobre eles. Na verdade, o que nós fazíamos mesmo era copiar seu estilo. Bukowski, Rimbaud, Fante, Bolanos. Até Woody Allen com toda sua prolixidade era motivo de nossas “inspirações” literárias. Quando a seca apertava e nós precisávamos fazer sexo com certa urgência, Caio Fernando Abreu era a pedida certa. Diga a uma mulher tudo o que ela quer e precisa ouvir e depois se prepare para receber um dos maiores boquetes da sua vida.

Realmente vivíamos sem muitas preocupações naquela época. Embora nossos empregos não fossem nada daquilo que sonhamos, não havia muitos motivos para reclamar. Tínhamos dinheiro suficiente para encher a cara com freqüência socialmente questionável, éramos jovens bonitos e até certo ponto inteligentes e também tínhamos amigos que poderíamos contar em qualquer situação. Exceto se nessa situação alguns deles estivessem metendo ou em coma alcoólico. O que é bastante justificável. A única coisa em que a gente de fato sempre fazia merda era na escolha de nossas mulheres. Eu não sei bem o que acontecia, mas nunca acertávamos por completo com uma mulher. Escolhíamos sempre as mais bizarras, ou as mais neuróticas, ou ciumentas, ou tudo junto e misturado, enfim, para cada virtude que alguma mulher possuía, multiplique-se por dois a capacidade que ela tinha de encher as tuas bolas.

Lógico que algumas foram marcantes. E pra falar a verdade, tenho que assumir que o sexo com uma mulher problemática é mesmo sensacional. A perícia que ela tem em ficar te enchendo o saco, ela aplica toda na hora de envolver tuas bolas com a boca. Bate e chupa, bate e chupa. Tudo bem ritmado, tal qual uma sinfonia de Beethoven, como deve ser. E no fim você lança jatos de esperma como uma baleia lança água pelo buraco das costas. E já que estamos falando em mulheres marcantes e problemáticas, eu me lembro de um amigo que estava saindo de um relacionamento que havia acabado mal. A mulher simplesmente fodeu com a cabeça dele e o deixou obcecado. Vocês sabem essas mulheres como são. Tecem uma teia e te envolvem como uma aranha, chupam todo o teu sangue e depois partem teu coração. O Grande Poeta dizia que essas mulheres não sabem amar. Elas ficam parasitando de cara em cara, até que, o tempo passa e essas mulheres esquecem que estão envelhecendo. Vão ficando gordas, feias, os peitos caem e a xoxota fica flácida e para te fazer um simples boquete, tem que tirar a dentadura. Um verdadeiro horror. Voltando ao meu amigo, ele estava bem fodido por causa dessa garota. Havia dado a ela todo o seu amor e todo seu tempo e tudo mais que um homem apaixonado acha que deve dar a mulher. Víamos que ele caminhava a passos largos para o fundo do poço e nada do que falássemos ou fizéssemos poderia mudar isso. O cara deixou de comer, vivia 24 horas de porre e fumava um cigarro atrás do outro. Não tinha vontade de comer outras mulheres e sempre que via casais apaixonados pela rua logo caía no choro. Era uma cena bem patética. Um homem daquele tamanho e daquela idade chorando porque teve seu pobre coraçãozinho partido. Não que eu seja insensível ou que nunca tenha chorado também, mas a cena seria ridícula de todo jeito. E a única forma de reverter isso era indo pro bar e fazendo o que mais a gente sabia: virar um copo atrás do outro.

Certo dia, numa dessas festas da vida, esse meu amigo que já apresentava alguma melhora, recebeu um telefonema meio suspeito. Era a mulher que fodeu seu coração. Ligou só para se certificar de que ele ainda continuava na merda. Eu não sei ao certo o que se passava pela cabeça dela, mas o lance era o seguinte: a forma mais rápida e eficiente que encontrava para se sentir bem era tendo a certeza de que esse meu amigo ainda sofria por ela. Todas as vezes que quebrava a cara, era pra ele que ela corria. Não que sentisse algo por ele, porém, era tudo simplesmente humano. Dois idiotas numa cilada, um tentando sustentar o mundo do outro. E a gente se perguntava o tempo todo como ele poderia se considerar sortudo tendo uma mulher que acabou de ser abandonada por outro cara? Enfim, esse telefonema mexeu tanto com meu amigo que ele acabou sozinho com meia garrafa de uísque. Pediu outra e começou a chorar.

-Ah, cara, não começa com essa merda novamente, porra.

-Ela é a mulher da minha vida. Nós vivemos momentos intensos e eles não podem ser jogados fora assim.

-Se agarrar a essa merda é sentenciar a própria morte.

-Você fala isso porque nunca viveu nada parecido.

-Você realmente acredita que é o único cara fodido aqui?

-Tão intensamente, sim.

-Você realmente não está pronto, cara. Bebe mais uísque.

-Você acha que é fácil ficar sozinho assim de uma hora para outra? Tudo nós fazíamos juntos.

-Há coisas bem piores do que ficar sozinho.

-Tipo...

Levantei, deu um gole no meu uísque com gelo, enchi o peito e disse:

“há coisas piores na vida do que
ficar sozinho
mas frequentemente leva décadas
para entender isso
e mais frequentemente
quando você entende
é tarde demais
e não há nada pior do que
tarde
demais”

Meu amigo deu um gole e esboçou um sorriso. Pegou seu celular e atirou ao chão. Encheu o copo mais uma vez, deu mais um lindo gole e se dirigiu para o meio do salão. Havia um grupo de mulheres conversando e ele abordou uma delas.

- Olá, me chamo Antônio.

-Me chamo Kelly. Prazer.

-Sou escritor, advogado e um ótimo amante nas horas vagas.

-Eu sou universitária. Entretanto, ganho a vida fazendo programas.

-As putas estão cada vez mais qualificadas hoje em dia.

-Sabe como é... A concorrência anda muito desleal. É sempre bom estar preparada.

Antes mesmo de a puta terminar de falar, meu amigo a agarrou e deu um beijo de cinema nela. Um beijo tão apaixonado que poucas vezes eu tive a sorte de presenciar. Mais que isso. Creio que poucas vezes eu beijei uma mulher tão apaixonadamente como esse meu amigo estava fazendo com essa puta. Finalmente ele encontrou uma mulher verdadeiramente viva e, mesmo por alguns minutos, ele está tendo a coragem de entregar o seu amor pra ela. Se ele está sendo capaz disso, quer dizer que ele está livre para amar qualquer mulher que faça por merecer. Enquanto eu pensava essas coisas, meu amigo beijava a puta acariciando seus cabelos com uma das mãos e a outra, é claro, apertava firmemente sua generosa bunda. Ele parou um momento e acenou para mim. Eu sorri para ele, orgulhoso de sua coragem. Finalmente, meu amigo iria pegar o número da puta. Colocou a mão no bolso e não achou o celular. Provavelmente esqueceu de que havia quebrado o aparelho minutos antes. Veio até mim e pediu então o meu emprestado. Entreguei-o.

No momento em que ele se preparava para salvar o número da puta, a mulher que havia partido o coração dele ligava para o meu celular. Ele atendeu.

-Alô, por favor, me chama o Antônio?

-É ele.

-Eu te amo, Antônio.

-Ok. Ele disse.

É tudo isso que você tem a dizer?

-Sim.

-Vá tomar no cu. Eu te odeio! E desligou.

Mais uma vez eu estava orgulhoso do meu amigo. Além da coragem de amar a puta, ele conseguiu romper a teia que o prendia. Dei mais um gole no meu uísque, dessa vez sem gelo e lembrei de que o amor se esgota mais rápido do que um jato de esperma. Levantei e fui à caça também. Havia mais putas ali que precisavam ser amadas. E o sol nem estava nascendo ainda.

4 comentários:

Jeane Secron disse...

Oi adorei seu blog, ainda mais quando falou do pós-namoro. Estou passando por essa faze chata agora, mas adorei ler simplesmente a mais pura verdade.

Att.

Jeane Secron

Will disse...

Olá, Jeane.

Isso é chato mesmo. Mas, lembre-se que, no fundo, tudo é superável. Se quiser conversar mais sobre isso, me manda um email: willchinaski@gmail.com

Um abraço.

Leonardo disse...

Pena que tu praticamente copiou o poema de Bukowski, né?

Anônimo disse...

Só o título. Vê— se que você não eh um fiel leitor do velho buk.