9 de fevereiro de 2011

Aquele tipo de texto que se faz de madrugada

É bem verdade que no primeiro momento, eu te vi de cara, bem distante. A ponto de me esforçar o máximo, mas o máximo mesmo para que você não me avistasse.

Assim, tive de manter minha vista concentrada sempre mirando atentamente em canto, ou algum ponto, fingir-me um pouco de indiferente talvez até esperar que você viesse falar comigo, afinal, eu já fizera o bastante, eu sempre faço o bastante.

Era na rua, à noite, bem em frente a uma praça, onde os jovens costumavam se reunir para beber e etc... E você estava lá na companhia das suas amigas.

Eu pensei; “Vou jogar a isca para ela pescar... vou montar meu picadeiro para ela cair.”. Então tive a brilhante idéia em ir até a praia, mas num lugar em que você me notasse, até que você tivesse a boa vontade em ir até lá falar comigo.

Enquanto você não se aproximava, eu simplesmente fazia um grande sinal na areia, quem olhasse de longe, pensaria que algum louco estava tão somente desenhando um grande círculo.

E você veio, eu vi sua sombra se aproximando do meu circo, do circo pelo qual eu estava dentro.

-Olá! – Você disse com certo entusiasmo, esperando me pegar de surpresa, acredito.

-Por que demorou tanto? – Eu respondi.

Você achava, JURAVA que eu estaria surpreso, mas afinal foi você quem ficou bastante surpresa...Porque eu sempre fui direto mesmo, e tudo tem seu limite até fingimento.

-Faz tempo que a gente não se fala, n é ? – Você tentando quebrar o gelo e aquele clima mórbido.

Foi quando eu olhei p´ra você pela primeira vez , depois de tanto tempo, olhando diretamente nos seus olhos, dos quais eu já os conhecia bem.

-Você veio aqui falar comigo por educação, consideração ou por algo mais...?

Você não soube como responder e até respirou profundamente.

-Tudo bem, você não imagina o que eu fiz hoje, por isso morrendo de sono. – Eu falei só para quebrar o gelo. Até que você perguntou:

- O que você fez tanto hoje?

-Você gosta de nuvens?

-O quê? – Eu sabia que você não entenderia minha mudança de assunto tão brusca.

Eu soltei uma risada e me aproximei de você;

-Você vai entender porque eu mudei de assunto, vai por mim.

Então você disse há quanto tempo estava na cidade com as amigas e etc... O que vocês jantaram e quais as expectativas para o resto do final de semana.

-Você chegou a estudar um pouco de Freud , sonhos, não foi?

-Foi... – Você disse assustada.

Você não percebera mas até então estava dentro daquele círculo que eu desenhei através do meu dedo, na areia da praia.

-Sabe... Eu tive um sonho um dia, e é o tipo de coisa que... assusta em ser dito e sobretudo no seu significado.

Eu conheço muito bem o rosto que você faz quando diz que é para eu prosseguir.

-Então... – Continuei. – Eu sonhei um dia em que eu estava com você, passeando nas nuvens, sabe? Andávamos de mãos dadas. Era legal. Era leve, puro, solto... Até que você se afastara de mim dentro da nuvem. Havia anjos , vários deles em outras nuvens, mas aquela, era a nossa nuvem e acho que ninguém se importava em delimitar território. Bom, o fato é que houve um perigo em você ter se afastado. Eu devia ter te dito, para se caminhar nas nuvens é necessário que você pise com leveza, e desde que você partiu, nunca mais foi leve.


Um dia me disseram, que as nuvens não eram de algodão...


Olhei bem para você, e você estava intacta.

-Você estava em perigo. – Eu disse.

-E depois, o que houve...? – Você perguntou.

-Então, é necessário pisar com leveza e firmeza ao mesmo tempo e você estava cambaleando ...hesitando. Até que o inevitável aconteceu , você caiu de muito alto, mas de muito alto mesmo.

O que eu me surpreendi foi não ver nenhuma expressão no seu rosto, apenas estava atenta demais.

-Enquanto você caia, parecia em câmera lenta, bem exagerado mesmo...Eu olhava para os anjos e todos eles nos observavam. Eu ficava com muita raiva deles porque eles foram omissos, não moveram um dedo, apenas nos observando com aquelas enormes asas, e não as usaram! Eu fiquei muito, mas muito puto com tudo que era angelical e o resto.

Fiz uma pausa de propósito para engolir minha própria saliva e não me perder numa emoção.

-E então...- Eu disse.Eu não pude suportar, não pude mesmo, me perdoe, mas aquilo era muito p´ra mim. Ver você caindo aos poucos. Só de pensar na dor e no desespero que você estava sentindo, aquilo me torturava por dentro. Até que eu... em plena consciência pulei da nuvem, pulei só para que você soubesse; que você não estava sozinha, que você podia contar comigo, que eu estaria ao seu lado, eu queria muito que você soubesse que até que nós caíssemos , até a nossa queda , até o impacto, estávamos juntos e aquele momento foi o máximo. Eu só queria te alcançar, te tocar enquanto você caia...

Eu parei de falar e fiquei observando o horizonte só um pouco, como se eu estivesse procurando a nuvem que você poderia cair.

Então você entendeu porque eu desenhara aquele círculo, para demonstrar teatralmente onde estávamos pisando e a nuvem que estava representando.

-Você com se m AL çar?

-A n?

-Você conseguia me alcançar? – Subitamente, nem eu esperava por essa pergunta.

-Eu não sei, eu gostaria muito de ter te alcançado... muito mesmo. Mas o sonho acabou e não acordei legal, não... foi meio traumatizando, sabe?

Você abaixou a cabeça sem ter o que dizer.

Eu entendi, claro.

-É por isso que eu não posso...eu tenho que me manter afastado. Porque se você estiver comigo, provavelmente vai cair, e eu não agüentaria lhe ver caindo daquela forma, outra vez.

Você poderia ter dito: “Mas você pode cair comigo...”, “Mas você está comigo...”, “Mas” , “Mas” , “Mas” ...

Mas nada você disse.

Até que me aproximei de você, olhando bem na janela da sua alma. Beijei meu próprio polegar direito e com o polegar aproximei do seu lábio. Acredito que é a melhor forma de beijar sem fazer estragos...

Foi quando eu não precisei dizer adeus, naquele clima tenso ou atmosfera triste, naquele estranho paraíso do qual nós estávamos perdidos, até que a eternidade terminasse.

E fui caminhando pela praia em sentido contrário ao seu, claro. Não como quem estava fugindo, mas como quem estava sangrando.

E confesso que eu dava preferência ao caminho em que havia mais penumbra. Não que eu estivesse me escondendo, fugindo ou sei lá o quê, apenas... eu me identificava com elas, as sombras.



15 comentários:

Lua disse...

só pra deixar um comentário!

:P

Anônimo disse...

LINDO!ÚNICO!LINDAMENTE TRISTE!

Lua disse...

triste?
peraewwwwwwwww
é Steel meninoooo! hahahahahaha

Steel disse...

Esse anônimo, é a anônima que a gente quer pegar?

Will disse...

Parece que alguém teve orgamos múltiplos com o texto de Steel. Posso ver a anônima molhadinha daqui.

Steel disse...

O tal de Steel é foda mesmo.

Lua disse...

kkkkkkkkkkk
também achei visse Will! tsc tsc...
deixa teu telefone Steel, vai que tu recebe uma ligação! hahahaha!

Lua disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Roxane Alves. disse...

Lindo e meio!

Anônimo disse...

digo logo que não é a mesma anônima não, viu?

Steel disse...

Ok, fica pra próxima.

Will disse...

Estou sentindo uma treta...

Lua disse...

hahahahaha...
steel ta fudido mesmo!

Yah disse...

Digo que foi de longe um dos textos mais fantásticos que já li. (e com um orgulho imenso, em primeira mão!)

AMARela Cavalcanti disse...

essas anônimas tão danadinhas por aqui, né?
hum...!
kkkkkkkkkkkkkkkk
eu gostaria de dar minha opinião sobre o texto, steel, mas é q posts muito longos me dão preguiça de ler!
=(